3 - FRAGMENTOS DE MULHER  
3 - FRAGMENTOS DE MULHER  

 1 - RECEITA PARA UMA PORÇÃO POÉTICA

 

Poeta não sou.

Apenas de poesia tenho

Um monte,

Cá dentro.

Minha inábil intimidade

Com as palavras

Não me leva a decifrá-la.

Tempos difíceis...

Vida dificultosa.

Mas quando Deus

Faz-se presente

Tudo afugenta.

Acrescenta uma porção poética

Na difícil arte de ser.

 

2 - SIGNIFICATIVO MOÇO

 

Arrebito o nariz

Como se a solidão

Não me atingisse.

Passos firme.

A moça agarra

O moço.

Propriedade privada.

Esse gesto tudo me diz.

 

3 - OBSTINAÇÃO

 

O precoce adolescente

Discutia com o ranzinza adulto

Que o subestimava.

- ...Pelo menos não nos percamos

De vista. Amanhã você será

Um idoso e eu serei um adulto,

Poderemos, então, conversar

De igual para igual.

- Ledo engano. Minha sabedoria

E experiência serão seculares,

Enquanto a sua apenas se inicia.

 

4 - IMPRESSÕES NEURONAIS

 

Tantos séculos...

Esbranquiçaram-se

Meus cabelos.

Gastou-se minha roupa,

Gastou-se meu chinelo.

Esse amor em brasas...

Nunca foi chama.

Logo, logo, será cinza.

Fantasma

De minha ópera triste.

 

5 - EXPECTATIVA

 

Quem ousará abalar

Os alicerces do meu coração,

Outra vez,

Com tão grande amor?!

- Hã? ...Pois que ouse...

 

6 - NA NOITE DO MEU EU

 

Há um sol

No céu lunar,

Forçosamente.

Noturna natureza negra.

Centelhas mil inspiram-me.

 

7 - IMPOSTAMENTE MULHER

 

Renega ser mulher

Quase todo mês.

Cor de carmim.

Dorido

Feito o amor

No peito

Que o eletrocardiograma

Não detecta.

 

8 - PERSISTÊNCIA

 

- Elas?

Casaram-se

Com suas conformidades.

- Eu?

Continuo amando

Os impossíveis

De minha solteirice.

 

9 - ARTES PLÁSTICAS

 

Não quero tomar o caminho

Dos poetas incoerentes,

Que expressam sentimentos

Excêntricos

Numa arte cheia

De delírios.

 

10 - QUADRINHA I

 

Meu confinamento:

“Cem anos de solidão”.

Amada sem contentamento

Por esse “amor de salvação”.

 

11 - A POESIA DE TODAS AS HORAS

 

Declaro:

Aquela fantasia

Inquietante...

Aquele vulto tremular...

Obstinado.

É o plural central

De todas as poesias:

Você,

Sob quaisquer

circunstâncias.

 

12 - MARCAS SÁDICAS

                        A J.P.

Dez anos depois

Esse amor ainda me tortura.

Muito mais do que a repressão

Dos anos setenta fez a alguns.

 

13 - EU versus EU

 

Chove poros!

Dissolve minha composição

De argila e lixo.

Carne...

Lixo tóxico

Do espírito.

- Boca, cala ou clama,

Não reclama!

A boca se faz maldita,

Vez ou outra,

Despeja ofensivos lagartos

Que torturam a carne

E Provoca comichão no espírito.

 

14 - INSISTÊNCIA

                     A J.P.

Você é o meu labirinto,

Onde desejo transitar

Sem me perder.

Mas senhor contraste,

O mordomo,

Mostra-me a porta de saída.

 

15 - MUNDO CÃO

 

Escancaro uma saída

E vejo o mundo passar.

Ele me ofende e fede.

Alguns habitantes

Têm em mãos

A chave de muitos pecados.

Caminhos para muitos tormentos,

Tormento que reduz vidas.

 

16 - PEGADAS

 

Tenho no pensamento

Amor

E os olhos perdidos na estrada

Onde tanta gente passou.

 

17 - UNIÃO PATERNA

 

Filha do pai:

Concepção no abraço

Do espermatozoide

Com o óvulo.

Não sou mais embrião,

Ele nunca foi placenta.

Tal qual:

“Minha placenta vida a fora...”

Desconexão.

 

18 - RETORNO

 

Volta,

Ó alma aflita,

À infância desse corpo.

Toma outro caminho.

 

19 - MARIA DAS DORES

 

Seu rosto

Era de uma solidão

Só.

Denunciada nos olhos foscos.

As pálpebras caídas

Guardavam

Uma poça de sofrimento.

Não obstante,

Mantinha nos lábios

Um sorriso nada banal,

Posto pela transformação

Divinal.

 

20 - REPRODUÇÃO

 

Na poética

O coração é o útero,

A poesia o feto,

A mente a incubadora

E a caneta a parteira.

Pena que algumas maternidades

Editoriais

Tenham receio de investir

E alguns poetas morrem

Sem trazer à luz seus rebentos rabiscados.

 

21– MARCA

                 A J.P.

...Como esquecê-lo?!

Seu beijo deixou

Uma insígnia

Em minh’alma.

 

22 - CONSTATAÇÃO

 

Minha solidão

Grita,

Esperneia

E berra.

Eu e ela

Temos algo

Em comum:

Precisamos urgentissimamente

De um companheiro.

 

23 - MCMXXII

 

Ave! Arte Moderna

Cheia de graça.

Nós, os escrevinhadores,

Seremos convosco.

 

24 - DECEPÇÃO

 

Por que não me casei?

- Bem, eu estava na fila.

Mas quando chegou minha vez

Acabaram-se os mancebos.

 

25 - SOLIDÃO

 

Ao longe;

Talvez perto,

Um grilo acionava

Sua irritante orquestra.

Fixei olhos no teto

Sufocando grito guerreiro.

Alvoroçada saudade

De amar.

Desequilibra-me os passos,

Arrebenta-me o peito.

 

26 - SOBRIEDADE

 

Senhor,

Tenho apenas

Um punhado de fantasia.

- Lança-o no espaço da fé

E você contemplará a realização.

 

27 - "VUELTAS"

I

“Si pudiera vivir

Nuevamente mi vida...”

Ou voltar a fita...

Tanto palavrório dito...

Tantas palavras emudecidas.

Há quem acorde para a vida

Lentamente.

Eu queria era um acordar

Abrupto!

 

II

Tão bonita a lucidez

Da inteligência

De uma alma jovem...

Mesmo em um corpo senil.

 

III

Estremeci ao telefone

Ao ouvir sua voz.

Como se fosse

Os lábios seus

Roçando meus ouvintes.

 

28 - RECITAL

            À Prof. Claudete

Declamar, eu?!

Eu só dou a poesia.

Os atores que a vomite.

 

29 - ENTRE QUERUBINS

 

Augusto,

Meu poeta favorito,

Era um anjo

Amargo,

Ou de uma quase amargura.

Não o culpo,

Todavia.

 

30 - AO LÉU

 

A música que passa

Retrata a mais pura solidão.

Provoca minha solidão,

Que rua tão só...

Eu, transeunte,

Deito nessa passarela

De pedra,

Passo a passo,

Meu abandono.

 

31 - DESFIGURADO

 

Meu pai não lia.

Minha mãe sorria

De meu poema

Sem nenhuma face.

 

32 - MARCA II

 

Primeiro beijo?

Fácil, fácil.

Seguia a trilha

Que os lábios dele

Deixavam nos meus.

 

33 - ANDANÇAS

 

Feriu-a de lepra

Nas pernas.

Por ter ousado,

Sem licença alguma,

Seguir caminhos

Rebeldes,

Com seus próprios pés.

 

34 - HOLOCAUSTO

 

I

Terra sábia e rica.

Devorou tantos eruditos.

Um dia,

Feito antropófago,

Comerá o cristal

Dos meus olhos

E

Minha poesia.

Decifrando-a

Letra por letra,

Página por página.

Arquivada em meu cérebro.

 

II

...E se Deus

Pedisse-me a queima

De toda essa “poesia”,

Por considerá-la

Material profano?!

Feito Abraão

Teria eu coragem

De oferta-lhe

Minha única filha?

 

35 - ORAÇÃO DE MENDIGO

 

Supra minha fome,

Senhor,

Para que eu não venha

Comer o pão

Que o Diabo amassou.

 

36 - LAVAGEM LACRIMAL

 

Hei de chorar, hoje,

Todas as minhas dores.

Todos os meus erros.

Quem sabe assim

Não os lavo de mim?

Corram tuas lágrimas como um ribeiro,

Ó filha de Sião! De dia e de noite

Não te dês descanso”.*

 

_______________________________________

*Trecho bíblico

 

37 - CÁLICE TINTO DE SANGUE

 

O amor é uma uva,

O coração o lagar.

 

38 - AUGUSTINIANA

 

De posse

De um bisturi, Doutor,

Você retalha vidas

E examina-as.

Eu com um lápis

Sondo a própria alma.

Disseque-me, Doutor,

E verá:

Sou toda poesia.

Se algo restar

É puro parnasianismo,

Extirpai-o!

 

39 - ÓPERA DO CÓ-CORI-CÓ-CÓ

 

Um certo Pavarotti

Irrompe a madrugada

Com seu tom agudo

E peito estufado.

É o galo urbano

Cheio de nostalgia.

Anunciando,

Em desabalada

Carreira,             

Um domingo plácido.

 

40 - FRAGMENTOS DE MULHER

 

Essa vizinha

Com seu tipo desleixado,

Sempre,

Perdoo e a compreendo.

Olhar inerte,

Face sulcada de sofrimento.

Exala um desagradável odor.

O descontentamento

Tem lhe tirado

O prazer de simplesmente ser.

 

41 - SUPERSTAR

 

A bela

Da noite

Chama-se

D’alva.

Brilha soberana

Num céu

Azulado

De solidão.

 

42 - SENTIMENTOS NA FÁBRICA

 

O escultor

Transforma a bruta pedra

Em uma estátua vênus.

 

O poeta descobre na dor

Ou no riso, uma rima

E define em devaneios o amor.

 

O músico clássico não ouvia

Os sons que o induzissem à inspiração,

No entanto compôs a nona sinfonia.

 

43 - DESESPERO

            À querida Etanilda, homenagem póstuma

 

Chorei,

Esperneei

Por um reles habitante.

Aquietei-me

Quando ouvi Jesus dizer:

- E Eu, que chorei

Por uma cidade inteira?!

 

44 - FINITO, O QUE PARECE INFINITO

 

Encho os pulmões de ar

E expiro......................................................

Tento varrer-me por dentro.

Esse sol de sete e trinta horas

Energiza-me

Como se hoje fosse o dia “D”.

A rua estende-se à frente

Feito um tapete.

Pegada a pegada

Deixo para trás

A nostalgia da noite passada.

 

45 - QUINTANENSE

 

Fui uma menina

Por trás

Do buraco da fechadura.

Vi muito

E não decifrei coisa alguma.

 

46 - RIO PARDO

 

Poeta,

Quero o olhar desconhecido

Do homem que passa.

Quero o homem desconhecido

Dono do olhar

Que me passa.

Minha branca alma;

Contempla a negritude

Do rio na noite.

Multicores luminosas

Refletidas em sua retina,

Fascinam-me.

Ainda sonho com o amor

Desejado desde tenra infância.

O tipo que aquenta

A carência

E aquieta a solidão.

 

47 - REGRESSÃO

 

Ah! Tempo

Volta.

Volta tempo!

Permita-me

Corrigir

Aquele erro

Da imaturidade.

 

Apaga tempo!

Tempo, apaga...

Todo esse capítulo

De minha reles

E dolorosa

História.

 

48 - CASTIGO

 

Por que me visita

Com essas torturas,

Deus,

Tanto tempo depois

Que me leva a perguntar:

- O que foi que eu fiz?!

(Não sei o que eu fiz?! Eu que faço tanta coisa?)

Não despreze a correção

Do Todo Poderoso. ”*

Sussurra-me a Palavra.

 

___________________________________________

*Trecho bíblico

 

49 - CONTO DA MENINA DE ENGENHO

 

Fui uma menina

De engenho.

(Segunda vez que empreendo esse poema).

Era uma infância sem graça.

Nem era filha

De senhor de engenho!

Engenho sem atrativo...

Sorte não ter escravos.

Tinha negros,

E muita cana

Que tornava a vida

Doce.

Todos eram alforriados

E liam Castro Alves.

Um dia,

Quase me afoguei

No riacho próximo.

Salvaram-me.

(Tinha, então, oito anos).

O mesmo branco

Esquisito,

Dez anos depois,

Esfregou os lábios dele

Nos meus,

Cobrando sua recompensa.

Não paguei,

Expulsei o tal feitor.

 

50 - COLMEIA AMOROSA DE UM DOCE AMOR

 

Queria

Que ele me dissesse

Que sou sua abelha rainha.

Em voo rasante

Mostrar-lhe-ia

Como adoro

Fazer parte de sua colmeia

Mas ele é tão zangão...

 

51 - INCOMPREENSÃO

 

O amor do poeta

É doloroso e variado,

Profundo e momentâneo.

Poucos amam tal qual ele.

 

52 - INATINGÍVEL

 

Quando penso no amor

Que não pude alcançar...

Vem em mim vontade de chorar.

- Esse amor tão sem direitos.

 

53 - INSPIRAÇÃO PARA UM SORRISO

 

Sei a beleza de cada dia,

Porém,

Não tenho n’alma

Lirismo para descrevê-la.

Na dor eu esbravejo,

Do sofrimento faço uma rima.

Quando dou por mim

Ondulo nas estrofes.

Descubro

Que na angústia

Posso tirar

O melhor dos sorrisos.

Embora, nos rabiscos,

Percebe-se a forçosa presença

De uma quase amargura.

Não me desculpo,

Todavia.

 

54 - DESASSOSSEGO

 

Quem me dera asas

Para juntos voarmos.

Sentir seu braço

Sem de mim desapartar.

 

Tivesse eu ainda suas amareladas cartas...

- rasguei-as todas! -,

Embora elas não falassem

Como o sussurro de sua fala.

 

Ah! Se a inspiração me desse uma rima...

Para eu fazer um soneto.

Dedicá-lo-ia a você

Naquele nosso último beijo.

 

55 - CANÇÃO NOTURNA DE UM POEMA          CONFUSO

 

Tenho para você

“Vinte poemas de amor

E uma canção desesperada.”

Ou seriam

Vinte canções de amor

Em um pobre poema desesperado?

Sei lá!

Talvez vinte canções desesperadas

Em um simples poema calmo.

Já não sei mesmo.

A essência fala grego,

Nada traduzo.

A canção noturna

É silenciosa e cristalina

Na água salobra da face.

 

56 - VIDA DE POETA

 

E disse-me ela:

- Os poetas eram, na maioria,

Desgraçados, pobres,

E muitos morreram cedo.

Vitimados por uma incurável

Tuberculose.

Amiga, respondi-lhe,

Eles não foram poetas desgraçados.

Suas desgraças

É que os tornaram poetas.

Embora, também o deslumbre

Tenha desabrochado

Muita inspiração.

 

57 - CHUVAS DE VERÃO

 

Esconda-se sol!

Dá lugar

Às nuvens chorosas,

Para,

Sem pudor algum,

Derramarem seus prantos

Sobre minha terra seca.

 

58 - INSULAMENTO

 

Diga:

Trinta e três.

- Tudo isso?!

Confessar-lhe

Uma única vez

Dói tanto...

Estou doente

De solidão.

Daquelas

Que enfermam

As esperanças.

 

59 - NAUFRÁGIO DA ESPERANÇA

 

Minha vida tem sido

Um constante exílio.

Cá nessa terra

Tem palmeiras,

Onde também se ouve

O canto do sabiá.

Os daqui

São tão afinado

Quanto os de lá.

 

60 - ANSIEDADE

 

Quero um homem

Para amar.

Mas que venha

Com um desses amores

 

Imensuráveis.

De atos comedidos,

Porém.

 

Coerente, temente.

Que esse amor tenha para mim

Uma paixão em cada esquina

 

E de tão romântico

Me faça mais

Mil vezes menina.

 

61 - JOSÉ DO EGITO

 

Tostado de sol

Era aquele menino.

Cajado na mão

Tangendo ovinos.

Nos lábios um eterno sorriso

De esperança.

Dezessete anos de juventude

Vestidos pela amorosa

Túnica da contenda, presente especial

De Jacó, seu velho pai.

 

- Seus Irmãos lhe invejaram, José.

 

Um poeta

Era aquele sonhador.

No mundo do sol e da lua.

Vendido tal qual Jesus,

Não se intimidou:

Prova vencida,

Vitória garantida.

De escravo a mordomo, prosperou.

 

- Bela ascensão, José.

 

Sua pedra no caminho,

A mulher de Potifar,

Aos seus pés depositou

Seu trono e seu amor.

Você correu para não trair

Seu Senhor.

 

- Você foi forte, José.

 

Entretanto,

Nas mãos da mulher perversa

E vingativa,

A arrebatada veste deixou.

Prova da rejeição,

Prova da forjada sedução.

 

- E aí, José?

 

Dois anos de calabouço.

Já não sonha o poeta.

Sofre e decifra

Sonhos de outrem.

 

- Você não se abalou José.

 

Contudo,

O dia das vacas gordas chegou:

Ganha liberdade o prisioneiro

E torna-se governador.

 

- Bela fé, José.

 

Tinha, então, trinta anos.

Repletos de maturidade.

Agora vestidos

Numa túnica

De fino linho real.

Na orla do vestido,

Bordadas com fios de ouro,

Onze estrelas

Juntas com você

Simbolizavam as cintilantes

Tribos d’srael.

No dedo,

Um anel de honra!

“Doutoramento em sabedoria”,

Decretou Faraó.

Amado por Asenate,

Filha de Potífera,

Que devotava

Profunda admiração

Pelo homem de Deus,

Pelo administrador do Egito.

Verdade é

Que nunca deixou de sonhar esse poeta.

 

- Deus mudou-lhe a sorte, José.

 

62 - PERSEGUIÇÃO

 

Deus,

A morte, e o Diabo,

Não fazem acepção

De pessoas.

Deus: por muito amor.

A morte: por indiferença.

O Diabo: por maldade mesmo.

 

63 - PARÁFRASE

 

Existe muito mais

Entre a cabeça e os pés

De uma mulher,

Do que supõe a pressa

De alguns ignorantes.

 

64 - AMOR A TRÊS

 

A poesia

É a única fêmea

De minha vida

E não tem ciúme

Quando namoro

O poeta.

 

65 - INCONFORMIDADE

 

Passar pelo palco da vida

Em papel secundário

É insuportável.

Pior ainda é ser figurante.

Difícil e desejado é ser protagonista.

 

66 - CÓPIAS DE PRIMATAS

 

Algumas pessoas são uma réplica

Do homem que foram um dia.

Deus criou seres humanos maravilhosos,

Eles é que se tornaram

Primatas asquerosos.

 

 

                                                           ***