13 - Anjos caídos ou anjos demoníacos
“... Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançados no inferno entregou às cadeias da escuridão...” (II Pedro 2.4).
“... e aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até o juízo daquele grande dia.” (Judas 6).
Numerosos anjos participaram da rebelião liderada por Satanás (Ez 28.12-17; II Pe 2.4; Ap 12.9) e abandonaram o seu estado original de Graça, como servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial.
Paulo Coelho faz uma citação que vale também salientar: “... Embora, a despeito do que o homem acreditasse ou não, eles (os anjos) sempre estivessem ali - mensageiros da vida, da morte, do inferno e do paraíso” (p.39). Somente anjos caídos são mensageiros do inferno.
Vejam que a Bíblia admite haver anjos no inferno, anjos que eram divinos, mas se rebelaram, não guardaram sua condição de príncipes, essa mesma condição nós a temos quando aceitamos a Jesus como o Senhor de nossa vida. Jesus nos adverte em o livro de Apocalipse 3.11: “Venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” Isto é, que nós não venhamos a perder nossa condição de “príncipes”, na salvação, pois quem nos rodeia lutando para tomar nossa coroa, é o príncipe desses demônios.
“Ele levanta do pó o pobre, e do monturo ergue o necessitado, para o fazer sentar com os príncipes (os restaurados espiritualmente), sim, com os príncipes do seu povo (os renomados de caráter)” (Salmos 113.7,8).
Vimos nos versículos acima duas referências aos anjos caídos. A crença geral da igreja ensina que eles foram anjos apóstatas expulsos do céu por causa da rebelião contra Deus.
Eles eram santos e bons quando foram criados pelo Criador. Aquele que é perfeitamente santo e bom não podia ter criado seres ímpios e maus.
De que modos puderam eles cair em pecado, uma vez que não havia qualquer ser mau no universo para tentá-los? Alguns interrogam. Não sabemos com certeza. A Palavra de Deus não revela, nem quando foi a ocasião de sua apostasia. Mas, como os humanos, eles têm essa inclinação para o mal. Como alguém já explicou: “o que é o mal? É a total ausência do bem”. Quanto mais o bem desaparece, mais o mal prevalece. Nem precisa ser “criado”.
Esses primogênitos entre as criaturas deram lugar ao orgulho, à soberba, à arrogância. Encheram-se de inveja, impureza e ódio. A tentação procedeu de dentro de si mesmos, quando deram lugar a certos sentimentos. Satanás foi o primeiro, depois arrastou muitos com ele.
Eles são capazes de visitar nosso mundo, e talvez outras partes do universo. Uma vez expulsos do céu tornaram-se espíritos imundos, buscando o descanso sem o achar. Afligem os homens, como demonstra a história de Jó e de muitas pessoas enfermas, nos dias de Jesus, as quais estavam possuídas por demônios.
Eles podem exercer influência maligna sobre as mentes e corações dos homens: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes permanecer firmes contra as ciladas do Diabo; pois não é contra a carne e sangue que temos que lutar, mas sim com os principados, com as potestades, contra os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniquidade...” (Ef 6.11,12). E de que maneira nos revestiremos das “armaduras de Deus”? Quando lemos a Palavra de Deus, quando a ouvimos, nossa fé vai aumentando e não mais sentimos medo dele e aprendemos a enfrentá-lo, em nome de Jesus.
Um dos principais meios que os anjos maus utilizam para iludir os homens é perverter as Santas Escrituras e seus ensinos. As atividades dos anjos maus sobre a vida dos seres humanos dependem da porta, do “canal” que for aberta para eles.
Deus “entregou” esses maus espíritos às “cadeias da escuridão”, nos ensinam as Escrituras. Para eles não há redenção, nem misericórdia, nem esperança.
Por que não se permitiu a redenção deles? Deus sempre faz justiça. Eles pecaram contra a Luz e a Sabedoria. Tiveram a liberdade para escolher entre o bem e o mal, mas escolheram o mal e devem “comer o fruto dos seus atos”, nos afirma Eduardo Joiner, autor do Manual Prático de Teologia.
Seria o caso de meditarmos no espírito que atormentava Saul, como sendo um anjo caído? Provavelmente. Uma vez que o texto nos fala de um “espírito mau”, “da parte de Deus”. A expressão “da parte de Deus” refere-se ao fato de Deus ter autorizado, ter permitido. Um exemplo de que tudo está sob seu controle.
“E quando o espírito maligno da parte de Deus vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa, e a tocava com a sua mão; então Saul sentia alívio, e se achava melhor, e o espírito maligno se retirava dele” (I Samuel 16.23).
- Esses “anjos” também são encontrados no deserto
“Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo” (Mateus 4.1).
“E ali esteve (Jesus) no deserto quarenta dias, tentado por Satanás; e estava entre feras, e os anjos o serviam” (Marcos 1.13).
Veja que aqui há duas referências: “feras” e “anjos”. Ponho-me a pensar se essas “feras” seriam apenas animais ferozes ou se não seriam anjos caídos, além do próprio Satanás. A meu ver há possibilidade de ser a última suposição, de sentido figurado, também, mas para maior esclarecimento teríamos que ver o termo grego para “feras” nesse contexto.
“Ora, havendo o espírito imundo saído do homem, anda por lugares áridos (secos, desérticos), buscando repouso...” (em quem repousar - Mateus 12.43).
“Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem. Pois já havia muito tempo que se apoderara dele; e guardavam-no preso com grilhões e cadeias; mas ele, quebrando as prisões, era impelido pelo demônio para os desertos. Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios” (Lucas 8.29,30).
Essa ida ao deserto é bem diferente do anjo divino, que vai ao encontro de quem está, por um acaso no deserto, com o objetivo de levar socorro, conforme a vontade de Deus.
Esses anjos “maus” vivem rodeando a terra. Pelos desertos. Vagando, como se dizem. Ele é desrespeitoso, invasivo, desordenado, estabanado, achando “brecha” repousa em alguma alma perturbada e espiritualmente inconstante. Lembrando que no livro de Hebreus o anjo “bom” também é classificado como um “espírito”, porém um espírito ordenado, “educado”, age em prol do bem e é limitado por Deus, não sai por aí procurando em quem repousar, pois ele repousa nos céus, tranquilamente: “Não são todos eles (os anjos) espíritos ministradores enviados para serviço, a favor dos que vão herdar a salvação?” (Hebreus 1.14).
Portanto, o que entrou no homem, de acordo com o versículo acima, é um “espírito imundo”, um anjo caído.
- Os que morrerem na impiedade (sem salvação) farão companhia aos anjos caídos, depois do Juízo, segundo a Bíblia
“E, quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele [...], todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então, dirá aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus 25.31,32,33,41).
- Alguns castigos de Deus foram comparados à ‘companhia’ de anjos destruidores
“E atirou sobre eles o ardor da sua ira, o furor, a indignação, e a angústia, qual companhia de anjos destruidores” (anjos caídos, espíritos imundos - Salmo 78.49).
Infelizmente esse versículo muda um pouco conforme a tradução, esta acima é bem mais clara. Trata-se dos castigos de Deus ao povo israelita, que poderiam ser castigados com uma terrível angústia. Trazendo para nossos dias essa “companhia” bem pode se dá com a alma perdida que se encontra no abismo. É um sofrimento inenarrável! Esses anjos “destruidores” são os demônios que fustigam as almas no inferno com muita maldade por que sua natureza é de completo ódio.
- Os salvos hão de julgar na eternidade os anjos
“Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?...” (I Coríntios 6.3).
As opiniões se dividem quanto à interpretação desse texto. Há os que acham que o termo “julgar” tem o sentido de “governar” com Cristo e os anjos. De qualquer forma entre os atos dos anjos divinos consta a presença em julgamentos, seja das boas ou das más ações. Lembrando que os anjos caídos foram lançados no abismo e lá estão até o dia de Juízo. “Julgar os próprios anjos” pode ser apenas sermos testemunhas no julgamento dos anjos caídos, e só vai a julgamento quem cometeu algum delito, ou está sujeito a determinado exame.
- Os anjos caídos, rebeldes, perderam a confiança de Deus e foram tidos como loucos
“Eis que Deus não confia nos seus servos, e até a seus anjos atribui loucura...” (Jó 4.18).
“...as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida. Mas há alguns de vós que não creem. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que não criam...” (João 6.63,64).
BÍBLIA Sagrada (Eletrônica, AT e NT). Europa Multimídia. Programação: Leandro Calçada, Ilustração: Wilson Roberto Jr. Colaboração: Thélos Associação Cultural.
JOINER, Eduardo. Manual Prático de Teologia. Editora Central Gospel Ltda. Rio de Janeiro, 2008 (p. 166 a 179).
Vide tópico 56 - Referências Bibliográficas