38 - Os Santos Católicos
“– Depois dos espíritos desencarnados – continuou ele –, aparecem os santos. Estes são os verdadeiros Mestres. Viveram conosco algum dia, e estão agora próximos da luz. O grande ensinamento dos santos são suas vidas aqui na Terra. Ali está tudo que precisamos saber, basta imitá-los.
– E como invocamos os santos? – perguntou Chris.
– Pela oração – respondeu Paulo...” (As Valkírias – pdf - meocloud - p. 21).
“Maria Egipcíaca... Depois de sua morte foi canonizada pela Igreja...” (As Valkírias, p. 163).
* No ano 609 a invocação dos santos e anjos é posta como “lei” da igreja católica;
* No ano 884 o papa Adriano II aconselha a canonização dos santos.
Canonizar: declarar santo (alguém já morto), concedendo-lhe culto ilimitado. Termo do latim, que significa também incluir os nomes nos livros canônicos, assim nos explica o dicionário Houaiss.
Um exemplo, absurdo, de canonização, na narrativa de As Valkírias, é sobre a história de uma santa chamada Maria Egipcíaca, que fez uma viagem para Jerusalém e não tinha dinheiro para pagar a travessia de um rio, ela, então, “entregou-se ao barqueiro. Quando chegou a Jerusalém, um anjo apareceu e abençoou-a por seu gesto”. (p. 163). Impossível um santo anjo compactuar com o pecado, caso isso acontecesse, tal anjo nem ousaria voltar para o céu; ele iria fazer companhia aos anjos caídos no inferno.
Não existe na pesquisa feita sobre essa Maria, tal detalhe “picante”, mas afirma que ela era prostituta, que, supostamente converteu-se depois.
Quanta incoerência! Se esse anjo apareceu com certeza era um anjo caído, pois o anjo que defende o legado divino jamais compactuaria com tal atitude condenatória, um exemplo disso está no capítulo 24 de II Samuel. Quando Davi numera o povo ele incorre no erro da soberba, na auto exaltação às suas grandes realizações e poderio. Davi estava se gloriando na capacidade humana e nos grandes números de feitos, ao invés de gloriar-se no poder e justiça de Deus, segundo os estudiosos, ao mesmo tempo, nota-se de forma implícita, que o povo também pecou e Deus decide castigá-los, por meio da ação de um anjo.
“Então enviou o Senhor a peste sobre Israel, desde a manhã até o tempo determinado; e morreram do povo, desde Dã até Berseba, setenta mil homens. Ora, quando o anjo estendeu a mão sobre Jerusalém, para destruí-la, o Senhor se arrependeu daquele mal; e disse ao anjo que fazia a destruição entre o povo: Basta; retira agora a tua mão. E o anjo do Senhor estava junto à eira de Araúna, o jebuseu. E, vendo Davi ao anjo que feria o povo, falou ao Senhor, dizendo: Eis que eu pequei, e procedi iniquamente; porém estas ovelhas, que fizeram? Seja, pois, a tua mão contra mim, e contra a casa de meu pai” (II Samuel 24.15-17).
Nesse exemplo podemos ver a ação do anjo, inclusive contemplado pelo próprio Davi. Os anjos, que estão sob o domínio de Deus, não entendem a desobediência humana. Quando ele está executando uma ordem divina, ele é rigoroso e só retrocederá com a intervenção do Deus que o enviou, como podemos ver no enunciado. Foi necessário Deus dizer “basta!”, senão ele destruiria a cidade toda, pois ele foi enviado exatamente com a missão de castigá-la.
O anjo destruiria a todos os pecadores, a cidade inteira, não fosse impedido por Deus, e não adiantou o clamor das pessoas, que supomos ter havido, em alto som.
Diz-se que a canonização se dava nos primórdios do cristianismo e fora transmitida pela “tradição oral”, mas muitas dessas tradições, como pudemos ver, deturpam a Palavra de Deus, alterando-a, ou não a tem em consideração e assim ia sendo formadas teorias e conceitos meramente humanos, nesse sentido, como já foi falado.
Todo conteúdo, de cunho espiritual, que foge ao ensino bíblico não deve ser considerado. Insistimos. Temos na Bíblia um pequeno texto exemplificando como podem surgir as dissertações teóricas a respeito de um assunto: “Veio, então, do céu esta voz: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei. A multidão, pois, que ali estava, e que a ouvira, dizia ter havido um trovão; outros diziam: Um anjo lhe falou. Respondeu Jesus: Não veio esta voz por minha causa, mas por causa de vós. Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim” (João 12.28-30). Uns diziam uma coisa, alguns diziam outras. Foi preciso Cristo esclarecer. Se não há esclarecimento pela Palavra, fuja das suposições.
Não existem, nem mesmo na Bíblia católica, os seguintes termos: “canonização”, “beatificação”. O que existe são os vocábulos: “santo” e “santificação”, atribuídos a QUALQUER UM que resolva viver pelo ensino da Palavra de Deus, separando-se do pecado, uma vez que “santo” significa ser “separado”. Os tais não podem ser “fabricados”, “intitulados” à guisa de celebração de suas memórias. Isso é totalmente antibíblico. Quanto a “operar” milagres Jesus disse: “Aquele que crê em mim, esse também fará as obras que eu faço (enquanto estiver VIVO!), e as fará maiores do que estas; porque eu vou para o Pai...” (João 14.12). Não “fazemos” milagres por que não somos “santos”, não fazemos por que não temos fé, por isso padecemos.
A veneração dos santos foi instituída pelo II Concílio de Niceia, o sétimo concílio ecumênico, ocorrido em 24 de setembro a 23 de outubro de 787, em Niceia (atualmente Iznik, na Turquia), e tinha como tema principal a legitimidade da veneração de imagens e de santos. Os mesmos haviam sido apenas suprimidos pelo edito do Império Bizantino, durante o reinado de Leão III (714-741), depois, seu filho Constantino V (741-775) reprimiu definitivamente a deferência às imagens.
Há quem afirme que o primeiro a ser canonizado, do Novo Testamento, foi Estevão, um dos sete homens, “cheio do Espírito Santo”, escolhido para auxiliar os Apóstolos e o crescente número de discípulos. A Bíblia não registra nenhum milagre realizado pelo poder de Deus por meio de Estevão, mas informa que ele era cheio de graça e poder e fazia prodígios e grandes sinais entre o povo, a ponto de causar afronta e inveja a alguns da sinagoga (judeus) que tramaram sua morte por apedrejamento.
Isso não torna Estevão mais especial do que qualquer um que, hoje, escolhe servir a Deus. Os que se prontificam a isso devem estar cientes que é preciso uma vida de santificação, “sem a qual não veremos a Deus”, que é necessário separar-se do pecado, ou dos “pecadinhos” e deve-se estar disposto a morrer pelo reino de Deus, se preciso for.
Foi pedida pela Igreja Católica a canonização do Papa João Paulo II (Karol Wojtyla, 1978-2005). Esse processo não deveria ser assim. Ou se é santo, ou não se é. Isso é atribuído aos seguidores de Cristo, é automático, se a conversão foi plena, verdadeira. É constatável por meio dos frutos e se faz necessário um árduo esforço para ser mantida, pois o inimigo de nossas almas fará de tudo para nos demover dessa posição, nos induzindo a erros, falhas e escândalos.
Segundo a Revista “Isto É” (05.07.2013), o Papa Francisco aprovou a canonização dos ex-pontífices João Paulo II e João XXIII. Tornaram-se simultaneamente santos. Mas o que pouca gente sabe é que João Paulo II foi bastante criticado dentro do próprio Vaticano, devido às tentativas, ressalta a revista, de não tornar público o envolvimento de alguns clérigos com a pedofilia e escândalos financeiros (“Tende cuidado de vós mesmos; mas, se teu irmão pecar, repreende-o...” - Lucas 17.3 - E: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” - Provérbio 28.13). Não obstante, a João Paulo II foi atribuído dois milagres, reconhecidos pela Santa Sé, condição imprescindível para a canonização.
“Dois milagres”?! Basta assistirmos a televisão onde é mostrado todo tipo de pregadores, entre eles homens sérios, e de fé, efetuando não apenas “dois” milagres mas vários deles, por meio da fé, em curto prazo. Embora contemplemos com cuidado. Hoje em dia tem de tudo.
Jamais se viu em toda a Bíblia algum sacerdote que atribuísse tal categoria a outrem, conferindo-lhe tal “título”, principalmente, apesar de dirigir-se ao outro o chamando de santo, como o fez algumas vezes o apóstolo Paulo, mas não havia burocracia para isso. Era natural. Entretanto, se orarmos ao santo que já morreu, nesse caso estará cometendo outro tipo de pecado: a necromancia, que é a consulta feita aos mortos, com exceção da consulta a Jesus que ressuscitou, mostrando que venceu a morte.
Não há menção do processo de canonização ou beatificação nem no Velho, nem no Novo Testamento. Também não há nenhum uso dos termos “santo” ou “beato” como títulos. Apalavra “santo” era um termo descritivo, era a definição para àquele que vivia afastado do pecado. Também não há exemplo de ninguém, na Bíblia, orando aos santos ou venerando-os, em particular ou em assembleia pública. De igual modo, o conceito de santos sendo habilitados a receber qualquer tipo de adoração não é encontrado nas Escrituras.
A prática da canonização foi instituída em Concílio, é costume da igreja católica, que cria sua própria doutrina à margem da Bíblia. O apóstolo Paulo nos lembra o caso dele: “Mas, quando vi que não andavam retamente conforme a verdade do evangelho...” (Gálatas 2.14). Concílio é uma assembleia de bispos e outros religiosos convocados para decidir acerca de questões que interessam à doutrina e à vida da igreja.
Protótipo de todos esses Concílios foi a reunião dos apóstolos com os presbíteros, realizada em Jerusalém no começo da história da igreja, no ano 49 da Era cristã (Atos 15). A questão essencial dessa conferência era se a circuncisão e a obediência à lei de Moisés eram necessárias à salvação em Cristo.
O apóstolo Paulo nos alerta para o fato de que, mesmo nos tempos dele, certas pessoas seguiam regras extras Bíblia.
"Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho (seguindo ensino fora da Bíblia) , o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Pois busco eu, agora, o favor dos homens, ou o favor de Deus? Ou procuro agradar aos homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo. Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens; porque não o recebi de homem algum, nem me foi ensinado; mas o recebi por revelação de Jesus Cristo” (Gálatas 1.1-11).
Paulo Coelho disserta a respeito dos santos católicos e esclarece: “- Depois dos espíritos desencarnados - continuou ele -, aparecem os santos. Estes são os verdadeiros Mestres. Viveram conosco algum dia, e estão agora próximos da luz... - E como podemos invocar os santos? - perguntou Chris. - Pela oração, respondeu Paulo...”. (p. 72).
Veja que Paulo Coelho associa espiritismo e catolicismo, e coloca os “santos” inferiores aos espíritos.
- Curas eram concedidas por meio da sombra do apóstolo Pedro
“E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos..., E cada vez mais se agregavam crentes ao Senhor em grande número tanto de homens como de mulheres, a ponto de transportarem os enfermos para as ruas, em leitos e macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse alguns deles. Multidões vinham das cidades vizinhas de Jerusalém trazendo os seus doentes e os que tinham espíritos maus, e todos eram curados”. (Atos 5.15,16).
Apesar disso, o apóstolo não aceita ser adorado, como um “santo especial”, isso não era somente uma atitude de humildade, mas de obediência à Bíblia e ele se considerava igual aos demais santos membros. Tanto era igual, e sujeito a pecar que, na noite que Jesus fora preso, Pedro chegou a dizer: “quem, eu?! Nunca vi esse homem!”. No entanto, ele era santo, um santo que teve tempo de se arrepender; mas nem por isso vamos invocá-lo.
“No outro dia (Pedro) entrou em Cesareia. E Cornélio o esperava, tendo reunido os seus parentes e amigos mais íntimos. Quando Pedro ia entrar, veio-lhe Cornélio ao encontro e, prostrando-se a seus pés, o adorou, mas Pedro o ergueu, dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem (igual a ti)” (Atos 10.24-26).
Observe que o simples gesto de dobrar os joelhos diante de Pedro foi considerado uma adoração: “Prostrando-se a seus pés, o adorou”. Cornélio foi advertido por causa da conotação espiritual que o gesto de ajoelhar sugeriu, seja como for, não podemos usar de desculpas e afirmarmos “não é bem assim...”. Só podemos nos prostrar aos pés de Deus, de Jesus e do Espírito Santo.
- Deus deverá ser nosso único Santo
“Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador...” (Isaías 43.3).
- Foi isso o que o apóstolo Pedro fez
“Vendo isso Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador” (Lucas 5.8).
- Nossas orações devem ser dirigidas a Deus
“Orou Abraão a Deus, e Deus sarou Abimeleque, e a sua mulher e as suas servas; de maneira que tiveram filhos...” (Gênesis 20.17).
“... os filhos de Israel gemiam debaixo da servidão; pelo que clamaram, e subiu a Deus o seu clamor por causa dessa servidão” (Êxodo 2.23).
- Jesus tem autoridade para a intercessão
“... Jesus foi feito fiador. ...Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, porquanto vive sempre para interceder por eles” (Hebreus 7.22-27).
O Espírito Santo, também, intercede pelos santos, os membros salvos, assim sendo, só a Trindade nos basta; do contrário, a mensagem é que só a Trindade não basta, daí apela-se para auxiliares. Isso afronta a Deus:
“E aquele que esquadrinha os corações sabe qual é a intenção do Espírito: Que ele, segundo a vontade de Deus, intercede pelos santos” (Romanos 8.27).
Sendo que o Espírito Santo intercede pelos santos, vivos, como pode os santos mortos interceder pelo povo? Esse papel é da Trindade.
DICIONÁRIO Houaiss Conciso - Instituto Antônio Houaiss, organizador (editor responsável Mauro de Salles Villar) – São Paulo, Moderna, 2001.
BÍBLIA Sagrada (Eletrônica, AT e NT). Europa Multimídia. Programação: Leandro Calçada, Ilustração: Wilson Roberto Jr. Colaboração: Thélos Associação Cultural.
As Valkírias – pdf- https://meocloud.pt/link - https://cld.pt/dl/download/
COELHO, Paulo. As Valkírias. 76ª ed. Rio de Janeiro. Editora Rocco, 1992.
“REVISTA ISTO É:Três Editorial Ltda., São Paulo-SP.
Vide tópico 56 - Referências Bibliográficas